A intensificação do sistema produtivo começa pela escolha do capim. Um aposta certeira traz ganhos para o produtor de carne e leite
Segundo estudos da Embrapa é possível elevar de seis a oito vezes a capacidade produtividade da pastagem com estratégias adequadas. O primeiro passo é intensificar a produção adotando um dos vários modelos intensivos existentes no Brasil. Um deles é a combinação de tecnologias para uso no período das águas e da seca.
Baseado em resultados de pesquisa, na Embrapa Gado de Corte, com a adoção da proposta “a lotação da propriedade sai de uma média de 0,9 para 2,8 arroba/hectare/ano, com produção ao redor de 1.000/1.050 kg de peso vivo/hectare/ano, refletido em 530 kg de equivalente de carcaça, com redução na idade de abate, entre 20 e 24 meses a pasto”, revela o pesquisador Rodrigo Barbosa (Campo Grande-MS).
Para as águas, o especialista em manejo de pastagem, afirma que a estratégia é identificar o tamanho da área a ser intensificada, os materiais com potencial produtivo para esse modelo e a adubação correta. Ele lembra que uma análise de solo eficiente determina o potencial produtivo durante o período das águas, e a adubação determina a velocidade de crescimento da planta e de utilização, o que reflete no produto final.
Já para o período seco, a recomendação é a vedação do pasto, com plantas de florescimento precoce, preferencialmente, e que tenha capacidade produtiva no período das chuvas. Outro ponto é a época para vedação de pasto, entre janeiro e marco, para utilização na seca. Por fim, escolher o tipo de suplementação (proteinada, confinamento, semi), que depende do sistema produtivo da propriedade, e pode ser usado com o pasto vedado.
Resultados em produção leiteira |
Os índices positivos também são evidentes na produção de gado de leite. Em experimentos na Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG), a escolha pela BRS Paiaguás, em pastejo rotacionado, “conseguiu trabalhar com até 7 vacas/hectare, no período chuvoso, produzindo 13-14 litros/vaca e produção diária em torno de 100 litros/hectare/dia, entrando bem na entressafra, e diminuindo o uso de concentrados, o que impacta nos custos”, conta o pesquisador Carlos Gomide. A tolerância ao período seco da cultivar é um de seus diferenciais.
Em ensaios na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), José Ricardo Pezzopane e André Novo utilizaram a BRS Paiaguás em produção leiteira, em modalidades de integração. Na opção BRS Paiaguás com milho + eucalipto para produção de silagem (milho), “produzimos cerca de 57 a 60 toneladas de matéria verde de silagem por hectare, o que pagou a implantação do sistema (plantio de arvores e pasto). Apontamos como vantagens não somente esse pagamento da implantação, mas as árvores proporcionaram diversificação de renda para o produtor e promovem benefícios aos animais, além de aumentar o sequestro de carbono.”
Os resultados são otimistas, igualmente, quando a opção é a BRS Quênia, cultivar de panicum maximum, com taxa de lotação ao redor de 10 vacas/hectare, 15 litros/vacas/dia e 145 litros/hectare/dia. A “maior facilidade de manejo, devido ao porte intermediário, e o maior valor nutritivo, são pontos a considerar quando se pensa em intensificar”, aponta Gomide.
Outro panicum com desempenho considerável é a BRS Zuri, “gramínea com diferencial, potencial produtivo e adequada para sistemas intensivos de produção animal”, afirma Domingos Paciullo, pesquisador da Embrapa (Juiz de Fora-MG). Nos ensaios a campo, para produção de leite, se obteve até 10 vacas por hectare, em torno de 13-15 kg/vaca/dia e uma produção por área de 140 kg/leite/hectare.
Na Amazônia |
O capim Zuri ainda apresenta índices inspiradores no bioma amazônico, que representa 30% do rebanho bovino brasileiro, e ao longo das últimas décadas, com investimento e pesquisa, modernizou-se. Características como produtividade, vigor, capacidade de suporte, ganho de peso e tolerância ao encharcamento levaram esse panicum maximum ao solo amazônico.
Carlos Maurício de Andrade, pesquisador da Embrapa (Rio Branco-AC), comenta que “no Acre, novilhas cruzadas em pasto de Zuri teve ganho de peso entre 520 e 540 gramas/dia, ao longo de dois anos de experimentos na Embrapa Acre, somente com suplementação mineral. A boa tolerância ao encharcamento – não alagamento – para a Amazônia, clima equatorial quente e úmido, com estação chuvosa intensa e prolongada, traz a BRS Zuri com excelente aceitação e números entre os produtores.”
Implantação da pastagem |
Para chegar aos índices revelados pelos pesquisadores, a implantação da pastagem é ponto-chave, assim como a qualidade da semente. Para a implantação, o pesquisador Ademir Zimmer elenca fatores que o produtor precisa observar, como:
Por exemplo, a profundidade de semeadura recomendada para “panicuns é de 2 a 5 cm e para braquiária, entre 3 e 6 cm. As sementes incorporadas nesta profundidade terão melhor contato com a umidade, com o solo, rápida emergência e estabelecimento e isso faz toda diferença”.
“Os atributos da semente, o preparo e os cuidados com a semeadura vão formar, adequadamente, a pastagem e a produtividade, afetando todo o sistema de produção e, infelizmente, as sementes comercializadas no País ainda são de baixa qualidade. É uma questão cultural, a qualidade e a pirataria”, completa Jaqueline Verzignassi, especialista em tecnologia de sementes de forrageiras tropicais da Embrapa. Verzignassi e Zimmer enfatizam que as pastagens precisam ser tratadas como uma cultura e isso exige cuidados semelhantes.
No combate a essa qualidade inferior e pirataria, a Unipasto (Associação para Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras) lançou uma plataforma para rastreabilidade segura de sementes, baseada em um aplicativo e um selo de segurança aplicado à sacaria. A Semente Legal, parceria com a Ceptis Agro, segundo Marcos Roveri, gerente-executivo da Unipasto, chegou para coibir a pirataria de sementes, mostrando para os agropecuaristas os materiais produzidos conforme as regras, as normativas, com qualidade e avaliação adequadas, oferecendo segurança ao produtor na hora da compra.
A Embrapa e a Unipasto são parceiras no desenvolvimento de cultivares forrageiras desde 2002. Prestes a completar 20 anos, o convênio já lançou três braquiárias, três panicuns e um feijão-guandu, o que permitiu a diversificação dos pastos brasileiros e a melhoria da produtividade. Na última sexta-feira, as duas empresas reuniram especialistas para o primeiro Dia de Campo Virtual – produção intensiva de leite e carne em pasto (8). As Unidades – Acre, Agrossilvipastoril, Cerrados, Gado de Leite, Gado de Corte, Pecuária Sudeste – e a Secretaria de Inovação e Negócios (SIN) trouxeram os mais recentes resultados das pesquisas e apresentaram para o público como é possível diminuir o risco de ter uma única cultivar de pastagem, ‘quase como monocultura’.
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