Dieta rica em concentrado pode levar à acidose ruminal em confinamento bovino
Uma tendência atual nos confinamentos brasileiros é o fornecimento de uma dieta rica em grãos e alimentos não fibrosos. No entanto, se o pecuarista errar os cálculos na hora da formulação e não colocar a quantidade mínima necessária de fibra efetiva, aumentam-se as chances do desenvolvimento da acidose ruminal, doença metabólica que pode levar o animal à morte.
Quando o produtor aumenta a porcentagem de concentrado e diminui a quantidade de fibra, o animal acelera a deposição de gordura e, assim, chega ao peso ideal mais rapidamente. Além disso, essas dietas (chamadas “quentes”) são biologicamente mais eficientes. Mas o pecuarista que optar por aumentar o concentrado na alimentação bovina precisa ficar atento à ocorrência de acidose ruminal.
Acidose
A doença é decorrente de uma produção exagerada de ácido lático no rúmen. Segundo o pesquisador, quando os animais consomem muito amido de forma brusca, a fermentação intensa e rápida desequilibra o pH do rúmen. O ideal é que o pH fique em 6,2. No entanto, com uma dieta rica em concentrado pode haver um excesso de produção dos ácidos orgânicos, reduzindo o pH e alterando a população de bactérias, levando à predominância das produtoras de ácido lático.
Em geral, basta retirar a dieta com alto concentrado e fornecer alimentos com mais fibra para resolver o problema. No entanto, para cessar o sofrimento do bovino, o veterinário Raul Mascarenhas, da Embrapa Pecuária Sudeste, indica intervenção farmacológica e acompanhamento veterinário.
Para corrigir a acidez é comum a utilização do bicarbonato de sódio via oral e soro ringer lactato endovenoso.
Para cólicas, quando presentes, podem ser aplicados analgésicos e antiespasmódicos e, para tratar a laminite, um anti-inflamatório não esteroidal.
A acidose também pode se manifestar de forma subclínica, nesse caso, o gado não apresenta sintomas visíveis. O pecuarista deve ficar atento a alguns indicadores, como variação de consumo de alimentos e redução da produção de carne ou leite.
“Uma quantidade mínima de fibra garante que o animal seja estimulado a ruminar, ato no qual há grande produção de saliva que é ingerida. A saliva tem vários componentes que ajudam a manter o pH em níveis seguros, garantindo um bom ambiente ruminal. Chama-se ‘fibra efetiva’, exatamente, por efetivamente estimular a ruminação. Um valor mínimo de fibra efetiva que costuma ser seguro para a maioria das situações é 15% da matéria seca (MS) da dieta. Valores mais baixos que esses, dependendo do caso, podem ser interessantes economicamente, mas é importante contar com o apoio de um técnico para usar valores mais baixos e, portanto, mais arriscados”, explica Sérgio Raposo. Ele destaca que se o pecuarista adotar essa prática, resolve 99% do problema.
O pesquisador indica alguns alimentos que possuem uma fermentação mais amigável e substituem o amido, como polpa cítrica, casca de soja e DDG (subproduto da produção de etanol). Ainda, o uso de aditivos pode ajudar, já que, além de melhorar a eficiência da dieta, propicia bem-estar, ao evitar a acidose e outros problemas metabólicos associados. Os mais comuns são narasina, monensina, salinomicina e virginiamicina.
Outra recomendação é o fornecimento da dieta em vários momentos do dia. Com essas medidas simples, o pecuarista evita os problemas com a acidose ruminal, garantindo o bem-estar animal e a eficiência do sistema de produção.
Embrapa Pecuária Sudeste
Por Fernando Bacha Baz & Maria Jesús Villamide Díaz
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